MakerBot: De nicho a grande publico

Vou repetir pelo tempo que for preciso, como esta acontecendo a transição da MakerBot de open-source focada e mantida pela comunidade em uma máquina fechada e feita para a sociedade.

Quando a MakerBot surgiu ela deixou muita gente contente, pela primeira vez uma impressora 3D custava menos de mil dólares, para ser exato, o kit para montagem custava US$ 600,00, e eu sei por que eu comprei uma, uma CNC CupCake Machine. Numa era que impressoras 3D custavam uma fortuna, se me lembro bem, a Dimension custava 29.000 dólares. Foi uma revolução que impulsionou a indústria em patamares nunca antes imaginados. O próprio nome da impressora, CNC CupCake, se deve ao fato das pessoas não sabem bem o que era uma impressora 3D, tão fechado era o mercado em 2008/2009.
Milhares de nerds celebraram comprando um equipamento para si, montando sua impressora e contribuindo através do Skeinforge e ReplicatorG, softwares de fatiamento e geração do arquivo GCode. A revolução dos Makers, Tinkers e fazedores em geral ganhou um fôlego não visto desde o Homebrew Computer Club e o surgimento do Apple I e Apple II.

Mas logo vieram os problemas do crescimento exponencial, tão bem retratados pelo documentário no Netflix, Print the Legend. Novos usuários compravam suas replicators sem conhecimento prévio de programação, desenho ou o que fazer com a máquina. Soluções simples e elegantes, mas frágeis, falhavam nas mãos de não iniciados, o cabeçote de acrílico falhava muito, filamentos ruins estragavam o bico extrusor, e uma avalanche de pessoas descontentes começaram a ocupar as poucas linhas de suporte da empresa. Ao mesmo tempo, sendo open-source, não demorou para surgirem os clones concorrendo com a MakerBot, com pequenas melhorias, às vezes nenhuma melhoria, apenas ligeiramente mais baratas. A MakerBot se via encurralada no mercado que criara, e forçada a reagir sob pressão.

Duas decisões muito importantes foram tomadas, e nenhuma delas agradou seus públicos primeiros, fecharo codigo, e diminuir a vantagem dos clones sobre a marca mãe, e simplificar o sistema, para diminuir a barreira aos "não iniciados" em programação. Diminuir a rejeição, diminuir o tempo e o pessoal dedicado a suporte, e focar em aprimoramentos para recuperar o terreno que os clones ganharam.

Hoje a MakerBot oferece dois softwares de uso: MakerBot Desktop, com configurações abertas que permitem a usuários avançados irem além do setup básico e até imprimirem novos materiais, por sua própria conta e risco. E o MakerBot Printer, com quase zero setup, quatro camadas, quatro padrões de contornos, algumas opções de preenchimento. Mas um software que não requer STL, ao contrário, abre arquivos nativamente dos principais CADs, CATIA, SolidWorks, NX, Creos, Inventor, Step, Iges, e até STL.  Com esses passos, não apenas a máquina se tonrna quase dumies-free, como também embarca quase 20.000 reais em visualizadores de formatos CAD. 

Além disso a MakerBot, ou ao menos a revenda que eu trabalho, oferece ainda: logistica reversa grátis, se a maquina quebrar o envio para reparo e a devolução do reparo são grátis, pelo correio. Seis meses de garantia, treinamento de 16 horas de melhores práticas, materiais homologados em órgão neutro, disponibilidade de peças para manutenção por cinco anos após a máquina sair de linha, e disponibilidade global destas mesmas peças. E ainda uma equipa de suporte técnico capacitada.

Hoje a MakerBot pode ser operada de Linux, Mac, Windows, iPhone/iPad, Android, possui extenso ambiente criativo, com aplicativos como  Printer Shop, onde qualquer pessoa, com zero conhecimento de 3D, já consegue imprimir, o Thingiverse, o GrabCAD, e este universo só cresce, a cada dia, e nenhum serviço é sequer exclusivo a quem tem MakerBot. 

Tudo isso está no preço do equipamento. E muito mais. Mas para alguns a empresa não presta por ter fechado seu código, é triste, mas não se vende 100.000 impressoras 3D em 8 anos, sem fazer alguns inimigos.

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