Editorial, meu primeiro contato com impressoras 3D

De 1998 a 2000 eu trabalhei numa empresa de tratores florestais, para colheita de eucaliptos, para, basicamente, a indústria de celulose. Mas o trabalho no escritório era estenuante e rapidamente eu me vi distante da minha formação na FATEC-SP como tecnólogo em projetos mecânicos, visto que tudo que eu fazia no escritório eram bancos de dados em ACCESS, algumas automações em VisualBasic (o 6.0 ainda!) e, quando a empresa foi adquirida pela John Deere, fiz todo o treinamento no software de ERP chamado BAAN. E nunca mais tive um final de semana livre.

A migração e o processo de suporte, por um ano, me fez trancar a faculdade e esquecer o que era vida pessoal. Mas o mais incômodo na época, era que me sentia mais uma engrenagem no processo que o motor, diferente de quando eu desenvolvia os bancos em ACCESS, ser uma peça na implantação do BAAN era regrado, chato e demorado. Fui buscar outro emprego então e encontrei, num anúncio de jornal a vaga na Sisgraph, sem descrição da função, e lá fui eu conferir.

Fiz a entrevista padrão e então a pessoa que me contratava me pergunta, você sabe o que é uma impressora 3D? E eu falei que não. Ele me conduziu a um modelo já velho da Stratasys na época, uma Genesys que utilizava cartuchos de nylon e eu falei, "honestamente, nunca vi nada parecido, mas gostaria muito de uma oportunidade de trabalhar com elas, é a coisa mais incrível que já vi!", o comentário era sincero, saído da minha alma, sem pensar. Não perguntei pagamento, benefícios, horários de trabalho, nada. Apenas pedi para trabalhar com ela e ele me contratou. Tive que ligar diversas vezes depois, perguntando sobre traje do trabalho, horários, se tinha vale alimentação, estas coisas... Mas foi a melhor coisa que fiz na vida.

Ironicamente, meu primeiro contato com impressoras 3D se deu com um modelo chamado Genesys...

Trabalhei com impressoras 3D por dois anos. Infelizmente dois anos de crise, coisa que vem se tornando corriqueira hoje em dia, mas foi o ano do atentado às torres gêmeas, a ameaça de guerra e um ano que os CAD's ainda estavam descobrindo a impressora 3D. Naquela época não eram todos que salvavam neste formato, menos ainda que conhecia a ferramenta.

Mesmo assim, ao longo destes dois anos, aprende muito, muitíssimo. Traduzi a literatura de todos os modelos. Fiz 4 palestras na USP, ou melhor, na Fundação Vanzollini, dentro na USP, para curso de pós graduação, na disciplina "Ferramentas para o Desenvolvimento de Produtos". Quanto prestígio falar para um público de pós graduantos sendo que eu estava apenas retomando a FATEC! Participei de dois congressos internacionais, sobre aplicações da impressora 3D para Manufatura Rápida e desenvolvimento de Moldes perdidos com ABS e cera e conheci todas as 12 empresas da época, que tinham impressoras 3D.

Dei um treinamento, no SENAI Mário Amato, fiz lá também minha única instalação. Fiz 200 pré vendas, mas minha primeira venda, eu já não estava mais lá, infelizmente. Conheci pessoas fantásticas que trabalham com isso até hoje e fazem parte do meu dia a dia, pois tudo que aprendi, aprendi com elas e é impossível desvincular meu conhecimento, da lembrança deles me ensinando.

Aproveito o momento deste editorial, para agradecer ao Fábio Andreotti, Wilson do Amaral Neto, o outro Wilson, Robson Galiano e toda a tropa do TI que me ajudava e ensinava.

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